A Mairi que Martim erguera à margem do rio, nas praias do Ceará, medrou. Germinou a palavra do Deus verdadeiro na terra selvagem; e o bronze sagrado ressoou nos vales onde rugia o maracá.
Jacaúna veio habitar nos campos da Porangaba para estar perto de seu amigo branco; Camarão erguera a taba de seus guerreiros nas margens da Mecejana.
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Era sempre com emoção que o esposo de Iracema revia as plagas onde fora tão feliz, e as verdes folhas a cuja sombra dormia a formosa tabajara.
Muitas vezes ia sentar-se naquelas doces areias, para cismar e acalentar no peito a agra saudade. A jandaia cantava ainda no olho do coqueiro; mas não repetia já o mavioso nome de Iracema.
Tudo passa sobre a terra.
Considerando o trecho em questão, de Iracema, romance de José de Alencar, bem como a obra como um todo, NÃO É CORRETO afirmar que
a linguagem que conforma o trecho citado é marcada mais pela referencialidade objetiva da informação do que pela intenção poética, já que nenhuma figura estilística ocorre no texto.
a emoção que toma conta de Martim é causada pela lembrança de Iracema, sua esposa, que morreu ao dar à luz o filho Moacir.
Jacaúna é o pajé pitiguara e Camarão é o guerreiro Poti que recebeu no batismo o nome do santo do dia, bem como o do rei a quem ia servir e, sobre os dois, o seu, na língua dos novos irmãos.
a alusão ao bronze sagrado e ao maracá estabelece uma oposição entre a cultura do branco e a do índio selvagem, na representação de seus valores e crenças.