ESPM 2013/1

A língua e o poeta

 

 

  Hoje eu peço vênia¹ para discrepar² do grande Ferreira Gullar, que, no domingo, escreveu um artigo defendendo o "modo correto" de usar a língua portuguesa.

  Longe de mim propor que o poeta, eu e o leitor comecemos a dizer “nós vai” ou “debateu sobre as alternativas”, mas não dá para comparar violações à norma culta com um erro conceitual como afirmar que tuberculose não é doença, para ficar nos exemplos de Gullar. Fazê-lo é passar com um “bulldozer”³ sobre o último meio século de pesquisas, em especial os trabalhos de Noam Chomsky, que conseguiram elevar a linguística de uma disciplina entrincheirada nos departamentos de humanidades a uma ciência capaz de fazer previsões e articular-se com outras, como psicologia, biologia, computação. 

  Chomsky mostra que a capacidade para a linguagem é inata. É só lançar uma criança no meio de uma comunidade que ela absorve o idioma local. O fenômeno das línguas crioulas revela que grupos expostos a «pidgins» (jargões comerciais que misturam vários idiomas, geralmente falados em portos) desenvolvem, no espaço de uma geração, uma gramática completa para essa nova linguagem. Mais do que de facilidade para o aprendizado, estamos falando aqui de uma gramática universal que vem como item de fábrica em cada ser humano. Foi a resposta que a evolução deu ao problema da comunicação entre caçadores- coletores.   

  Nesse contexto, o único critério para decidir entre o linguisticamente certo e o errado é a compreensão da mensagem transmitida. Uma frase ambígua é mais "errada" do que uma que fira as caprichosas regras de colocação pronominal. 

  Na verdade, as prescrições estilísticas que decoramos na escola e que nos habituamos a chamar de gramática são o que há de menos essencial e mais aborrecido no fenômeno da linguagem. Estão para a linguística assim como a pesquisa da etiqueta está para o estudo da história. 

(HÉLIO SCHWARTSMAN, Folha de S.Paulo, 27 de março de 2012) 

 

¹vênia = licença, permissão

²discrepar = divergir de opinião, discordar

³bulldozer = (inglês) escavadeira

Segundo o texto, o autor:

a

defende de forma incondicional, como Ferreira Gullar, o “modo correto” de usar a língua portuguesa.

b

considera que ambiguidade seria mais “errada” do que um erro de próclise porque esta não apresenta distorção na comunicação.

c

preconiza que uma frase com transgressões às “caprichosas regras de colocação pronominal” prejudica o ato da fala.

d

prega o caráter supérfluo e vão das prescrições gramaticais, linguísticas e estilísticas.

e

reclama da natureza complexa e enfadonha do estudo da gramática nas escolas.

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B
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