A Ingaia Ciência A madureza, essa terrível prenda que alguém nos dá, raptando-nos, com ela, todo sabor gratuito de oferenda sob a glacialidade de uma estela, a madureza vê, posto que a venda interrompa a surpresa da janela, o círculo vazio, onde se estenda, e que o mundo converte numa cela. A madureza sabe o preço exato dos amores, dos ócios, dos quebrantos, e nada pode contra sua ciência e nem contra si mesma. O agudo olfato, o agudo olhar, a mão, livre de encantos, se destroem no sonho da existência.
O poema acima, de Carlos Drummond de Andrade, está em Claro Enigma. Dele pode-se afirmar que
é um texto clássico cujo título remete ao sentido de um conhecimento vivaz, de uma arte alegre retomada dos provençais e, por isso se estrutura em linguagem coloquial e de fácil entendimento.
é um soneto que não pode ser enquadrado no Modernismo porque retoma temas poéticos e procedimentos estéticos próprios do Classicismo, em linguagem de elaboração sofisticada e extremamente formal.
revela o vazio existencial do indivíduo, exacerbado pela maior clareza que a vida traz, e se desenvolve em versos decassílabos, organizados em rima cruzada tanto nos quartetos quanto nos tercetos e faz bom uso do enjambement como elemento de continuidade semântica e rítmica do poema.
refere o tema da maturidade, enfocando-o como a experiência que anula os sentidos na percepção do mundo, mas capaz de tornar o homem feliz ao entender racionalmente a realidade.