A indústria de bens simbólicos
O desenvolvimento industrial não se limitou à produção em massa de bens de
consumo como casas, roupas, móveis e cosméticos. Direcionada à produção de bens
simbólicos, a indústria cultural também conheceu o desenvolvimento de suas
atividades e o aumento de sua importância. Assim como a produção material, a
indústria cultural é caracterizada pela produção em série com forte investimento
tecnológico, cujo principal objetivo é o lucro. Contudo, ela está voltada ao
entretenimento, à informação e ao consumo de um amplo público, independentemente
de sexo, idade, religião, formação ou classe social.
Desse modo, a indústria cultural, alimentando o imaginário das mais
diversas, desenvolveu-se rapidamente pelos meios de comunicação de massa, como a
imprensa, o rádio, a televisão e o cinema. Trata-se de uma mercadoria, o “objetosigno”,
como definiu o sociólogo francês Jean Baudrillard.
Os signos não são arbitrários. Eles reproduzem as relações sociais e têm o poder
de trazer aquilo que significam aos seus consumidores. Assim, por exemplo, uma casa
se transforma em objeto de consumo, catalisando aquilo que o consumidor tem direito.
A casa-signo atribui status, importância, situação social. Ao desejá-la e adquiri-la, o
consumidor reafirma sua condição social e um estilo de vida que lhe é próprio.
Mas, se não chegar a adquiri-la, ele pode apenas compartilhar o que a casa
representa como signo e passar a desejá-la. Isso pode ocorrer por meio da publicidade
ou por diversas situações nas quais ele experimenta a casa no imaginário – filmes,
programas televisivos, concursos, campanhas, etc.
Os sonhos, desejos e anseios, estimulados pela publicidade e por outros meios,
mobilizam o consumidor ao mesmo tempo que reafirmam a lógica social e os padrões
nos quais se sustentam. Quando chega a adquirir a mercadoria, o consumidor já não
está preocupado com o valor do uso, mas com o valor simbólico que o objeto
representa na afirmação de sua identidade social. Processa-se um deslocamento entre
valor de uso e valor simbólico. Isso significa que, muitas vezes, adquirindo o objetosigno,
o consumidor nada quer de sua utilidade, mas tão somente o que ele representa
como status e prestígio. Outras vezes, tendo acesso ao bem simbólico, o indivíduo já
não precisa obter a mercadoria útil, concreta e material. Há um deslocamento entre
signo, referente, produto e utilidade, quer para o consumidor do produto, quer para o
consumidor da imagem.
Outro tipo de mercadoria criado pela indústria cultural, além da mera
simbolização do produto consumível, é o bem simbólico propriamente dito, ou a
informação. É outro bem imaterial e abstrato, produzido socialmente e que tem, cada
vez mais, um valor monetário, ou seja, um valor de troca. A chamada sociedade da
informação caracteriza-se por transformar suas relações, instituições e trabalho
material em informação, convertendo-se no mais valioso produto da sociedade. A
informação distingue-se da publicidade por ter um valor concreto que coincide com
sua utilidade, enquanto a propaganda, o discurso que mobiliza o consumo, tem como
utilidade apenas o estímulo que representa para o mercado.
COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 2010, p. 447
Na perspectiva modalizada pelo texto,
( ) a indústria cultural também possui uma mercadoria, sendo esta de natureza simbólica.
( ) os signos são imotivados, uma vez que reproduzem as relações sociais.
( ) os signos carregam em si o valor de sentido que representam às plateias a que se dirigem.
( ) o objeto-signo é um bem material (produto, serviço) transformado em percepção simbólica do status que representa.
( ) a posse do objeto-signo reafirma o lugar do sujeito quanto à sua condição social e estilo de vida.
A alternativa que classifica, adequadamente, as afirmativas citadas, de cima para baixo, é
V – V – F – F – F.
F – F – F – F – F.
V – F – F – V – F.
V – F – V – V– V.
V – V – V – F – F.