A expulsão dos artistas de A República é, em princípio, a indicação de que para Platão a arte pouco ou nada tem a ver com a verdade, mas apenas com a ilusão e a superfície. Nada se aprende da arte, porque ela não repousa sobre nenhum conhecimento efetivo. Embora essa crítica pareça injusta, ela tem uma justificativa política. Platão pretendia despertar o senso crítico de seus concidadãos, que consideravam a obra poética de Homero uma enorme enciclopédia, um manual de conduta para questões tanto de ordem cotidiana, como moral, administrativa ou religiosa. Se Platão vivesse no século XXI, talvez expulsasse a mídia de massa da sua cidade ideal, pois é ela que serve atualmente como a principal fonte das informações, que costumam ser recebidas como se fossem fatos acabados e não como interpretações. De qualquer maneira, a suspeita platônica acabou se tornando um gesto mecânico, um gesto de desconfiança em relação à obra de arte. Existe algo de verdadeiro na arte?”
Fonte: FEITOSA, Charles. Explicando a filosofia com arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004, p. 119.
Como o texto interpreta a famosa expulsão dos artistas da cidade ideal pelo filósofo Platão?
Reflete a posição de que a arte não contribui para a reflexão independente.
Significa a compreensão do pensador de que a arte não tem utilidade prática.
Indica a ideia de que o objeto artístico serve para o entretenimento e não para a vida pública.
Manifesta a noção comum de não valorização de atividades sem fins lucrativos.