ENEM 2019 segunda aplicação
A estética relativamente estável do modernismo fordista cedeu lugar a todo o fermento, instabilidade e qualidades fugidias de uma estética pós-moderna que celebra a diferença, a efemeridade, o espetáculo, a moda e a mercadificação de formas culturais.
HARVEY, D. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo: Loyola, 2009.
No contexto descrito, as transformações estéticas impactam a produção de bens por meio da
promoção de empregos fabris, integrada às linhas de montagem.
ampliação dos custos de fabricação, impulsionada pelo consumo.
redução do tempo de vida dos produtos, acompanhada da crescente inovação.
diminuição da importância da organização logística, utilizada pelos fornecedores.
expansão de mercadorias estocadas, aliada a maiores custos de armazenamento.
Resolução
Análise da Questão:
A questão pede para identificar como as transformações estéticas descritas no texto de David Harvey, que marcam a passagem do modernismo fordista para a pós-modernidade, impactam a produção de bens. O texto destaca que a estética pós-moderna celebra a "diferença, a efemeridade, o espetáculo, a moda e a mercadificação de formas culturais", em contraste com a "estética relativamente estável" do fordismo.
Passo a Passo da Solução:
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Compreender o texto base: O texto de Harvey descreve uma mudança cultural e estética fundamental. O modernismo fordista era associado à estabilidade, padronização e produção em massa. A pós-modernidade, por outro lado, valoriza a mudança constante, a variedade, a aparência, as tendências passageiras (moda) e a transformação de tudo em mercadoria.
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Identificar as características-chave da estética pós-moderna mencionadas:
- Diferença: Oposto da padronização fordista.
- Efemeridade: Qualidade do que é passageiro, de curta duração.
- Espetáculo: Valorização da imagem e da aparência.
- Moda: Tendências que mudam rapidamente.
- Mercadificação: Transformação de aspectos culturais em produtos vendáveis.
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Relacionar essas características à produção de bens: Como esses valores estéticos/culturais afetam a forma como os produtos são feitos e vendidos?
- A valorização da "diferença" e do "espetáculo" exige produção flexível e design atraente.
- A "efemeridade" e a "moda" implicam que os produtos são feitos para terem uma vida útil curta, seja funcionalmente ou estilisticamente. Eles saem de moda ou são superados por novas versões rapidamente. Isso incentiva o consumo contínuo.
- A "mercadificação" significa que a própria cultura e seus símbolos são usados para vender produtos.
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Analisar as alternativas à luz dessa relação:
- A (Incorreta): O pós-fordismo, associado à pós-modernidade, muitas vezes envolve automação e flexibilização, não necessariamente promoção de empregos em linhas de montagem tradicionais (típicas do fordismo).
- B (Incorreta): Embora a inovação possa ter custos, o objetivo das empresas é otimizar a produção. A ideia central da mudança descrita é a aceleração dos ciclos de vida dos produtos, não necessariamente um aumento geral dos custos impulsionado pelo consumo.
- C (Correta): Esta opção conecta diretamente a "efemeridade" e a "moda" (que implicam curta duração) com a "redução do tempo de vida dos produtos". A necessidade de constante novidade ("diferença", "espetáculo", "moda") impulsiona a "crescente inovação". Produtos tornam-se obsoletos mais rapidamente (obsolescência programada ou percebida) para dar lugar a novos.
- D (Incorreta): A produção flexível e globalizada do pós-fordismo exige uma logística *mais* complexa e eficiente, não menos importante.
- E (Incorreta): Modelos pós-fordistas como o Just-in-Time visam *reduzir* estoques e custos de armazenamento, produzindo sob demanda ou em lotes menores e mais variados, ao contrário da acumulação de grandes estoques padronizados do fordismo.
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Concluir: A característica mais marcante do impacto da estética pós-moderna (com sua ênfase na efemeridade, moda e inovação constante) na produção é a aceleração dos ciclos de vida dos produtos, tornando-os obsoletos mais rapidamente para estimular o consumo contínuo de novas versões. Isso corresponde à alternativa C.
Dicas
Erros Comuns
Revisão Conceitual:
- Fordismo: Modelo de produção industrial implementado por Henry Ford no início do século XX, caracterizado pela produção em massa de bens padronizados, linhas de montagem, trabalho especializado e repetitivo, grandes estoques e busca por economias de escala. Culturalmente, associado ao modernismo, com uma estética mais estável e funcional.
- Pós-Fordismo (ou Acumulação Flexível): Modelo de produção que sucede o fordismo, surgindo a partir das décadas de 1970/80. Caracteriza-se pela flexibilidade na produção (lotes menores, variedade de produtos), automação, mão de obra multifuncional, sistemas Just-in-Time (redução de estoques), terceirização e globalização das cadeias produtivas.
- Pós-Modernidade: Termo complexo que descreve mudanças culturais, sociais e estéticas ocorridas aproximadamente a partir da segunda metade do século XX. Na estética, como descrito por Harvey, valoriza a fragmentação, a instabilidade, a diferença, o pastiche, a efemeridade, o espetáculo e a moda, em contraste com a busca por universalidade e estabilidade do modernismo.
- Efemeridade e Moda: Conceitos centrais na pós-modernidade que se referem à natureza passageira das coisas, incluindo bens de consumo. A moda impõe ciclos rápidos de tendências, tornando os produtos estilisticamente obsoletos.
- Obsolescência Programada/Percebida: Estratégia de produção onde os bens são projetados para durar um período limitado (programada) ou para se tornarem indesejáveis devido a mudanças de estilo ou lançamento de novas versões (percebida), incentivando a substituição e o consumo.
Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
