A dois séculos de distância, o espetáculo ainda é assombroso (...) Que de tão longe uma Rainha enlouqueça e venha a morrer no cenário final do drama; que os sonhos dos Inconfidentes se cumpram depois de tantas sentenças; e que o Brasil se torne independente dali a 31 anos, e a República seja proclamada exatamente ao cumprir-se um século sobre aquelas prisões − tudo parece impregnado de um mistério claro, desejoso de revelar-se e de se fazer compreender.
(Cecília Meireles. “Como escrevi o Romanceiro da Inconfidência”, anexo a Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2012. p. 255)
Tendo como centro os sonhos dos Inconfidentes, Cecília Meireles criou a obra-prima que é o Romanceiro da Inconfidência, poema
inteiramente composto em decassílabos, voltado para a exposição didática da ideologia dos seguidores de Tiradentes.
em prosa, que se tornou exemplo máximo desse gênero literário, logo adotado por vários outros modernistas.
épico, decalcado de Os Lusíadas, em que a autora demonstra grande familiaridade com a retórica clássica.
em que se alternam o tom épico e o lírico, o modo reflexivo e o narrativo, tudo se sustentando numa grande variedade de ritmos.
em que, mesmo buscando afastar-se dos fatos históricos, se entrevê aqui e ali alguma referência inequívoca à Conjuração mineira.
Para resolver esta questão, devemos identificar as características formais e estilísticas do Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, e confrontá-las com as alternativas apresentadas. Sabemos que se trata de um poema que aborda a Conjuração Mineira, mas não segue o decassílabo clássico nem é prosa nem uma simples reconstituição histórica.
Logo, a alternativa D — “em que se alternam o tom épico e o lírico, o modo reflexivo e o narrativo, tudo se sustentando numa grande variedade de ritmos” — descreve com precisão o Romanceiro da Inconfidência.