A cultura não existe em seres humanos genéricos, em situações
abstratas, mas em homens e mulheres concretos, pertencentes a este
ou àquele povo, a esta ou àquela classe, em determinado território,
num regime político A ou B, dentro desta ou daquela realidade
[5] econômica.
Somente se poderá conceituar cultura como autorrealização da
pessoa humana no seu mundo, numa interação dialética entre os
dois, sempre em dimensão social. Algo que não se cristaliza apenas
no plano do conhecimento teórico, mas também no da sensibilidade,
[10] da ação e da comunicação.
Na verdade, o ser humano não se caracteriza, exclusivamente,
como conhecedor de dados e informações culturais. Ele é também
e principalmente um agente de cultura, ainda que, muitas vezes, não
tenha consciência disso. E agente cultural de atividade incessante,
[15] seja caçando, para matar a fome, seja recorrendo a divindades, em
oração, seja ordenhando vacas, seja operando computadores.
Aldo Vannucchi, Cultura Brasileira, Ed. Loyola, p. 21
Pela leitura do texto, é correto afirmar que uma conceituação de cultura:
deve ser elaborada por meio de abstrações que sejam capazes de oferecer uma definição geral e única.
deve observar procedimentos e técnicas primitivas, pois apenas elas podem oferecer elementos para uma definição particular e não generalizante.
precisa considerar práticas humanas em seu contexto histórico-social, para evitar generalidades que possam desconsiderar o homem como produtor de seu universo cultural.
só poderá ser elaborada por meio de uma perspectiva que privilegie uma única realidade como verdadeira e exata, do contrário deixará de ser científica e teórica.
torna-se impraticável, dada a complexidade do tema, que o distancia, assim, da racionalidade necessária para a abstração teórica exigida pelos agentes culturais.