ENEM 2009 segunda aplicação
A crise de 1929 e, 10 anos mais tarde, a Segunda Guerra Mundial aceleraram muito o processo de substituição de importações, iniciado durante a Primeira Guerra. O Brasil teve que produzir os bens industrializados que antes sempre importara. O processo não mais se interrompeu, expandindo–se na década de 50, via implantação da indústria automobilística, e aprofundando–se na década de 70, graças à produção de máquinas e equipamentos.
CARVALHO, José Murilo de. Política brasileira no século XX: o novo no velho. In: CARDIM, C. H.; HIRST, M. (orgs.). Brasil–Argentina: soberania e cultura política. Brasília: IPRIFUNAG, 2003, p. 200.
Considerando-se o período histórico descrito no texto e as transformações ocorridas, é correto afirmar que
a crise econômica mundial de 1929 foi prejudicial para a industrialização brasileira.
a indústria automobilística implantou o modelo de substituição de importações no Brasil.
o Brasil, a partir da década de 1930, paulatinamente, deixou de ser um país essencialmente agrícola.
a Segunda Guerra Mundial anulou os ganhos da atividade industrial brasileira relativa aos anos anteriores.
a produção de máquinas e equipamentos, nos anos de 1970, viabilizou a implantação da indústria automobilística brasileira.
Resolução
A questão pede para identificar a afirmação correta sobre o período histórico descrito no texto, que aborda a industrialização brasileira a partir da Crise de 1929.
1. Leitura e Interpretação do Texto Base:
- O texto afirma que a Crise de 1929 e a Segunda Guerra Mundial (10 anos depois) aceleraram o processo de substituição de importações, que já havia começado na Primeira Guerra.
- Isso significa que o Brasil passou a produzir internamente bens industrializados que antes comprava do exterior.
- Esse processo foi contínuo, expandindo-se nos anos 50 (indústria automobilística) e aprofundando-se nos anos 70 (máquinas e equipamentos).
2. Análise das Alternativas:
- Alternativa A (Incorreta): Afirma que a crise de 1929 foi prejudicial para a industrialização. O texto diz o contrário: a crise acelerou o processo. A dificuldade em importar devido à crise mundial forçou o Brasil a desenvolver sua própria indústria.
- Alternativa B (Incorreta): Afirma que a indústria automobilística implantou o modelo de substituição de importações. O texto informa que o processo começou na Primeira Guerra e foi acelerado em 1929, enquanto a indústria automobilística só se expandiu na década de 50, ou seja, ela foi uma fase posterior da expansão, não a implantação do modelo.
- Alternativa C (Correta): Afirma que o Brasil, a partir da década de 1930, deixou paulatinamente de ser um país essencialmente agrícola. Isso está de acordo com o texto e o contexto histórico. A aceleração da industrialização a partir de 1930 (Era Vargas), impulsionada pela substituição de importações, iniciou uma transformação estrutural na economia brasileira, diminuindo gradualmente a dependência exclusiva da agricultura e aumentando a participação da indústria no PIB e na sociedade. O termo "paulatinamente" (gradualmente) e "essencialmente" (principalmente, mas não exclusivamente) são cruciais e tornam a afirmação correta.
- Alternativa D (Incorreta): Afirma que a Segunda Guerra Mundial anulou os ganhos da atividade industrial. O texto diz que a guerra, assim como a crise de 1929, acelerou o processo de industrialização, não o anulou.
- Alternativa E (Incorreta): Afirma que a produção de máquinas (década de 70) viabilizou a implantação da indústria automobilística (década de 50). A cronologia está invertida. A indústria automobilística veio antes da expansão significativa da produção de máquinas e equipamentos.
3. Conclusão:
A alternativa C descreve corretamente a consequência do processo de industrialização acelerado a partir da década de 1930: uma transformação gradual da estrutura econômica brasileira, que começou a deixar de ser predominantemente agrária para incorporar um setor industrial crescente.
Dicas
Erros Comuns
Industrialização por Substituição de Importações (ISI): Modelo de desenvolvimento econômico em que um país busca desenvolver sua indústria nacional para produzir bens que antes eram importados. No Brasil, foi impulsionado por conjunturas externas (guerras, crises) que dificultavam as importações e por políticas governamentais (Era Vargas, desenvolvimentismo).
Crise de 1929 e Brasil: A Grande Depressão afetou severamente a economia cafeeira brasileira, principal produto de exportação. A queda na receita de exportação diminuiu a capacidade de importar bens manufaturados, criando um incentivo para a produção interna.
Industrialização Brasileira no Século XX: Caracterizou-se por forte participação estatal, concentração no Centro-Sul, e fases distintas de desenvolvimento (bens de consumo não duráveis, bens de consumo duráveis como automóveis, bens de capital como máquinas).
