“A catedral é por definição, a igreja do bispo. Desde os primórdios da cristianização, há um bispo em cada cidade. A catedral é, pois, uma igreja urbana. A arte das catedrais significa acima de tudo, na Europa, o despertar das cidades. Muitos dos vitrais são oferecidos pelas associações de trabalhadores (corporações), que pretendiam assim consagrar ostensivamente as primícias de sua jovem prosperidade. Esses doadores não eram camponeses, mas pessoas de ofício. Homens que, na cidade, nos bairros em constante expansão, trabalhavam a lã, o couro e os metais, que vendiam belos tecidos, bem como joias, e corriam de feira em feira, em caravana. Esses artesãos, esses negociantes quiseram que na igreja matriz de sua cidade, nos vãos, transfigurados pela luz de Deus, se representassem os gestos e as ferramentas do seu mister. Que seu ofício e sua funcão produtiva fossem assim celebradas nesse monumento que a todos reunia por ocasião das grandes festas, suficientemente vasto para acolher a população inteira da cidade. Os burgueses, com efeito, não entravam na catedral apenas para rezar. Era ali, que se reuniam suas confrarias e toda a comuna para suas assembleias civis. A catedral era a casa do povo. Do povo citadino.”
(DUBY, George. A Europa na Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 1988, p. 19)
Considerando o texto, a época e o local do qual trata podemos corretamente assinalar:
A arquitetura das igrejas expressava a fusão de elementos culturais de diversas origens, fruto do processo de expansão marítima e comercial europeia dos séculos XV e XVI;
A arte se expressava por símbolos que buscavam compreender e interpretar o Universo, o sentido da vida e o homem, como resultado de uma verdade superior revelada pelas Escrituras salvaguardadas pela Igreja;
O estilo arquitetônico que marcou a passagem da Alta Idade Média para a Baixa foi o gótico caracterizado pela edificação de catedrais que se pretendiam ser verdadeiras “fortalezas de Deus”, construídas com base de horizontalidade e utilização da pedra como material básico;
Ao descobrir Aristóteles, os filósofos do início do século XII, redefiniram as suas concepções teológicas aceitas até então pela Igreja, e começaram a buscar a cisão entre fé e razão, semelhante a Santo Agostinho;
A necessidade de um clero mais bem preparado, de especialistas em Direito, de funcionários com maior qualificação, diante das necessidades nascidas com o comércio, foram razões para que a Igreja rompesse com o conhecimento gerado nas Universidades, nos século XII e XIII.