A cachorra Baleia saiu correndo entre os alastrados quipás, farejando a novilha raposa. Depois de alguns minutos voltou desanimada, triste, o rabo murcho. Fabiano consolou-a, afagou-a. Queria apenas dar um ensinamento aos meninos. Era bom eles saberem que deviam proceder assim.
Alargou o passo, deixou a lama seca da beira do rio, chegou à ladeira que levava ao pátio. Ia inquieto, uma sombra no olho azulado. Era como se na sua vida houvesse aparecido um buraco. Necessitava falar com a mulher, afastar aquela perturbação, encher os cestos, dar pedaços de mandacaru ao gado. Felizmente a novilha estava curada com reza. Se morresse, não seria por culpa dele.
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Disponível em:< http:// www.lettere.uniroma1.it/sites/default/files/528/GRACILIANO-RAMOSVidas-secas-livro-completo.pdf>. Acesso em: 9 out. 2016.
Considerando-se o fragmento inserido na obra, a única afirmativa sem comprovação no contexto é a indicada em
A cachorra Baleia, vista como gente e tida como membro da família, é espontânea e comunicativa.
A mulher, a quem faz referência a personagem em foco, alimentava o sonho de ter uma vida digna.
Um traço importante da personalidade de Fabiano é a crença quase absoluta nos poderes sobrenaturais.
Os meninos, filhos do casal de retirantes, não têm nome e simbolizam a perpetuação do mesmo tipo de vida dos pais.
Os elementos que compõem o grupo familiar vislumbrado nesse excerto conseguem se comunicar entre si mais por palavras que por gestos e onomatopeias.