[1] No Brasil, a Nova Esquerda formou-se na crítica ao
imobilismo político dos comunistas e na oposição radical ao
golpe militar de 1964, o primeiro na sucessão de golpes e
[4] ditaduras militares que assombraram os países do Cone Sul. As
condições políticas em que se deu o rompimento da legalidade
democrática no Brasil (1964) e no Chile (1973) eram
[7] assemelhadas: em ambas, governos legitimamente eleitos, cujos
atos não feriam os pressupostos constitucionais, conheceram
uma polarização social fortíssima e o boicote norte-americano.
[10] É importante assinalar que, em ambos os países, amadureciam
processos de desenvolvimento dos movimentos sociais, como
foi o caso das Ligas Camponesas das décadas de 50 e 60 do
[13] século passado, um atuante movimento de trabalhadores rurais.
Os movimentos estudantis também já estavam em ebulição,
como ocorreu na longa greve em torno do aumento da
[16] participação estudantil nos órgãos de poder da universidade,
ocorrida na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da
Universidade de São Paulo (USP).
[19] Para a juventude que aspirava a maior liberdade na
vida pessoal, a ditadura foi um duro golpe. A agitação e a
efervescência entre o ano de 1965 e o de 1969, com seus
[22] festivais de música e de cinema e os grandes encontros
estudantis, foram substituídas pelo medo da atuação impune do
terrorismo de Estado contra os “subversivos”. A moralidade
[25] era tão onipresente que, nas invasões realizadas pela polícia no
Crusp (residência estudantil da USP), as pílulas
anticoncepcionais e as bombas molotov constituíam, com o
[28] mesmo status, prova incriminadora. Uma estudante em cuja
bolsa fossem encontradas pílulas era considerada vadia.
Maria Lygia Q. de Moraes. O feminismo político no século XX. In: Margem esquerda, n.º 9, 2007, p. 132 (com adaptações).
As meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha
Oswald de Andrade. Pau Brasil. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2008.
A partir do texto de Maria Lygia de Moraes e do poema As meninas da gare, julgue o próximo item.
Apesar de ter havido muitas mudanças, ao longo do tempo, no que diz respeito à participação das mulheres na construção do Brasil, sobretudo quando se considera a referência a elas no texto de Maria Lygia e no poema As meninas da gare, a parcela feminina da população brasileira continua ocupando, de modo geral, papéis secundários na condução da sociedade contemporânea.
Certa
Errada