UFRGS PORT 2013

[1] A pesquisa em gramática também tem

seus mistérios – aspectos da língua que

ninguém conseguiu até hoje formular direito.

Acho que não exagero se disser que a maioria

[5] dos fenômenos gramaticais já observados não

tem uma explicação satisfatória. Vejamos um

exemplo.

Sabemos que, em muitas frases, o sujeito

exprime o ser que pratica a ação (ou, mais

[10] exatamente, que causa o evento). Isso

acontece na frase: Minervina entortou meu

guarda-chuva. Acontece que, com o verbo

entortar, nem sempre o sujeito exprime quem

pratica a ação. Se não houver objeto, isto é,

[15] se só houver o sujeito e o verbo, o sujeito

exprime quem sofre a ação, como em Meu

guarda-chuva entortou. Essa frase,

naturalmente, não significa que o guarda-

chuva praticou a ação de entortar alguma

[20] coisa, mas que ele ficou torto. Mesmo se o

sujeito fosse o nome de uma pessoa (que, em

princípio, poderia praticar uma ação), o efeito

se verifica: Minervina entortou. Essa frase

quer dizer que Minervina ficou torta, não que

[25] ela entortou alguma coisa.

A mudança de significado do sujeito que

vimos acima acontece com muitos verbos do

português; por exemplo, quebrar, esquentar,

rasgar. Uma vez que é bastante regular, esse

[30] comportamento deve (ou deveria) ser incluído

na gramática portuguesa.

Agora, o mistério: em certos casos, o

fenômeno da mudança de significado do

sujeito não ocorre, e ninguém sabe ao certo

[35] por quê. Assim, podemos dizer O leite

esquentou, e isso significa que o leite se

tornou quente, não que ele esquente alguma

coisa. Mas na frase Esse cobertor esquenta,

entende-se que o cobertor esquenta a gente

[40] (isto é, causa o aquecimento), e não que ele

se torne quente. Ninguém sabe direito por

que verbos como esquentar (e vários outros)

não se comportam como o esperado em

frases como essa. Provavelmente, o

[45] fenômeno tem a ver com a situação evocada

pelo verbo. Mas falta ainda um estudo

sistemático, e, por enquanto, esses fatos não

cabem em teoria nenhuma.

Enfim, para quem gosta de certezas e

[50] seguranças, tenho más notícias: a gramática

não está pronta. Para quem gosta de

desafios, tenho boas notícias: a gramática não

está pronta. Um mundo de questões e

problemas continua sem solução, à espera de

[55] novas ideias, novas análises, novas cabeças.

Adaptado de: PERINI, M. A. Pesquisa em gramática. In: Sofrendo a gramática: ensaios sobre linguagem. São Paulo: Ática, 2000. p. 82-85.

Considere as seguintes afirmações acerca da formação de palavras por derivação.

 

I - Os verbos engravidar, endireitar e ensacar são formados pela adição de prefixo e sufixo a adjetivos, de modo semelhante a entortar (l. 13).

II - A adição de prefixo e sufixo pode derivar um verbo a partir de português (l. 28).

III - O substantivo aquecimento (l. 40) é formado pela adição de um sufixo a um verbo.

 

Quais estão corretas?

a

Apenas II.

b

Apenas III.

c

Apenas I e II.

d

Apenas II e III.

e

I, II e III.

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Resposta
D
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