Observe as fotos identificadas pelos números e leia os textos a seguir:
1. CRUZ E SOUZA
2. CASTRO ALVES
3. OLAVO BILAC
4. GONÇALVES DIAS
TEXTO 3
Livre
Livre! Ser livre da matéria escrava,
arrancar os grilhões que nos flagelam
e livre penetrar nos Dons que selam
a alma e lhe emprestam toda a etérea lava.
Livre da humana, da terrestre bava
dos corações daninhos que regelam,
quando os nossos sentidos se rebelam
contra a Infâmia bifronte que deprava.
Livre! bem livre para andar mais puro,
mais junto à Natureza e mais seguro
do seu Amor, de todas as justiças.
Livre! para sentir a Natureza,
para gozar, na universal Grandeza,
Fecundas e arcangélicas preguiças.
TEXTO 4
Caminheiro que passas pela estrada,
Seguindo pelo rumo do sertão,
Quando vires a cruz abandonada,
Deixa-a em paz dormir na solidão.
Que vale o ramo do alecrim cheiroso
Que lhe atiras nos braços ao passar?
Vais espantar o bando buliçoso
Das borboletas, que lá vão pousar.
É de um escravo humilde sepultura,
Foi-lhe a vida o velar de insônia atroz.
Deixa-o dormir no leito de verdura,
Que o Senhor dentre as selvas lhe compôs.
Não precisa de ti. O gaturamo
Geme, por ele, à tarde, no sertão.
E a juriti, do taquaral no ramo,
Povoa, soluçando, a solidão.
Dentre os braços da cruz, a parasita,
Num abraço de flores, se prendeu.
Chora orvalhos a grama, que palpita;
Lhe acende o vaga-lume o facho seu.
Quando, à noite, o silêncio habita as matas,
A sepultura fala a sós com Deus.
Prende-se a voz na boca das cascatas,
E as asas de ouro aos astros lá nos céus.
Caminheiro! do escravo desgraçado
O sono agora mesmo começou!
Não lhe toques no leito de noivado,
Há pouco a liberdade o desposou.
TEXTO 5
José do Patrocínio
Quando, ao braço o broquel, combatias, sozinho,
Calmo, o gládio imortal vibrando às mãos, certeiro,
De que bênçãos de mãe era feito o carinho
Que ungia a tua voz, glorioso Justiceiro?
Treva, em cuja espessura os sóis fizeram ninho!
Foi de dentro de ti que, para o cativeiro,
Saiu, como um doirado e alegre passarinho,
Num gorjeio de luz, o consolo primeiro
Hoje, do mar da inveja, em vão, para o teu rosto
Sobe o lodo... Sorris: e injúrias e ironias
Vão de novo cair ao podre sorvedouro...
E, eterno, à eterna luz dos séculos exposto
Ficas, - tu, que, o nascer já na pele trazias
A imorredoura cor do bronze imorredouro!
TEXTO 6
A Escrava
Oh! doce país de Congo
Doces terras d‟além-mar!
Oh! dias de sol formoso!
Oh! noites d‟almo luar!
Desertos de branca areia
De vasta, imensa extensão,
Onde livre corre a mente,
Livre bate o coração!
Onde a leda caravana
Rasga o caminho passando,
Onde bem longe se escuta
As vozes que vão cantando!
Onde longe inda se avista
O turbante muçulmano,
O Iatagã recurvado,
Preso à cinta do Africano!
Onde o sol na areia ardente
Se espelha, como no mar;
Oh! doces terras de Congo,
Doces terras d‟além-mar!
Quando a noite sobre a terra
Desenrolava o seu véu,
Quando sequer uma estrela
Não se pintava no céu;
Quando só se ouvia o sopro
De mansa brisa fagueira,
Eu o aguardava – sentada
Debaixo da bananeira.
Um rochedo ao pé se erguia,
Dele à base uma corrente
Despenhada sobre pedras,
Murmurava docemente.
E ele às vezes me dizia:
– Minha Alsgá, não tenhas medo;
Vem comigo, vem sentar-te
Sobre o cimo do rochedo.
E eu respondia animosa:
– Irei contigo. onde fores!
– E tremendo e palpitando
Me cingia aos meus amores.
Ele depois me tornava
Sobre o rochedo – sorrindo
– As águas desta corrente
Não vês como vão fugindo?
Tão depressa corre a vida,
Minha Alsgá; depois morrer
Só nos resta!… – Pois a vida
Seja instantes de prazer.
Os olhos em torno volves
Espantados – Ah! Também
Arfa o teu peito ansiado!…
Acaso temes alguém?
Não receies de ser vista
Tudo agora jaz dormente;
Minha voz mesmo se perde
No fragor desta corrente.
Minha Alsgá, porque estremeces?
Porque me foges assim?
Não te partas, não me fujas,
Que a vida me foge a mim!
Outro beijo acaso temes,
Expressão de amor ardente?
Quem o ouviu? – o som perdeu-se
No fragor desta corrente.
Assim praticando amigos
A aurora nos vinha achar!
Oh! doces terras de Congo,
Doces terras d‟além-mar!
Do ríspido senhor a voz irada
Rábida soa,
Sem o pranto enxugar a triste escrava
Pávida voa
Mas era em mora por cismar na terra,
Onde nascera,
Onde vivera tão ditosa,
e onde Morrer devera!
Sofreu tormentos, porque tinha um peito,
Qu‟inda sentia;
Mísera escrava! no sofrer cruento.
Congo! dizia.
Sobre eles, analise as proposições abaixo e coloque V nas verdadeiras e F nas falsas.
( ) O autor do poema Livre, texto 3, corresponde àquele em que a fotografia também traz o número 1. No poema, é desenvolvido o tema da escravidão, muito presente no estilo condoreiro, próprio da terceira fase da poesia romântica brasileira.
( ) O texto 4 é de autoria do poeta que escreveu o texto 3, pois ambos são poemas em que a exacerbação do sentimento, a valorização da liberdade, a religiosidade, a exaltação da natureza, o tom subjetivo e intimista os tornam românticos.
( ) O poema intitulado José do Patrocínio tanto quanto o 6, A escrava, são do autor da foto 3. Os textos tratam da liberdade, embora sejam elaborados em forma fixa e apresentem uma temática determinada pela preocupação formal, enquadrando-os no Parnasianismo.
( ) Os poemas 3 e 5 são os únicos que não pertencem ao Romantismo, pois apresentam características, respectivamente, do Simbolismo e do Parnasianismo, portanto são de autoria dos poetas das fotos 1 e 3.
( ) A ordem em que estão distribuídas as fotos dos poetas 1, 2, 3 e 4 corresponde à ordem em que estão os textos. Assim classificam-se em: 3, simbolista; 4, romântico da terceira geração; 5, parnasiano; e 6, romântico da segunda geração.
Assinale a alternativa em que a sequência está CORRETA.
F – F – F – F – V
F – F – F – V – F
V – V – V – V – F
V – V – V – V – V
F – F – F – F – F