TEXTO
[1] Dançava-se a quatragem no mutirão da tia Umbelina.
Margarida estava sentada junto de Eugênio, de cujo lado não se arredara desde que este havia chegado.
Ia-se formar nova roda de dançadores; Luciano, que tinha a viola em punho, dirigiu-se a Margarida, e
convidou-a para a dança. Ela recusou-se protestando já ter dançado muito e achar-se fatigada.
[5] – Então venha esse mocinho, que aí está com a senhora — disse Luciano.
Com este convite o rapaz procurava mesmo ocasião de travar-se de razões com o estudante, a fim de
desabafar o ciúme e o despeito que por dentro o corroíam.
– Eu não sei dançar — respondeu Eugênio com timidez.
– Deveras!... não me diga isso, moço; isso é desculpa; falta-nos uma pessoa; venha... não se faça de
[10] rogado.
– É deveras; não sei dançar, nunca dancei em dias de minha vida.
– Então para que vem a estas funções?...
– Ora essa é boa!... para ver...
– Como quem vem aqui ver... mas ah! já o estou conhecendo; o senhor não é aquele coroinha, que
[15] ultimamente tem ajudado à missa ao vigário lá na vila?
– É ele mesmo — acudiu Margarida, que já se impacientava com as grosserias —, é o filho do Sr. capitão
Antunes.
– Do capitão Antunes?... ah!... e o que vem ele aqui fazer?... decerto aqui veio fugido de casa, e há de ser
benfeito que o pai lhe passe uma dúzia de bolos, quando souber que já anda metido em súcias...
(GUIMARÃES, Bernardo. O seminarista. São Paulo: Martin Claret, 2013. p. 70-1).
O sufixo { – dor }, de ‘dançadores’ (linha 03), tem o mesmo valor que em:
armador.
pregador.
criador.
lavrador.